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  Brechó, bom, bonito e barato!

 

Em tempos de crise muita coisa vira moda: alguns buscam alternativas para melhorar a renda, outros tratam de reciclar aquilo que está perdido, sem uso. A palavra de ordem é economizar. Economizar hoje é ecologicamente correto, faz bem para o bolso, promove o tão falado desapego que está na moda. O que é estar na moda?

A moda, para muitos, é uma forma de se integrar à sociedade ou pertencer a um determinado grupo. É comum ouvirmos: “Vou comprar porque está na moda” e “Vou usar porque está na moda”. Dessa forma, as pessoas vão, ora se diferenciando, ora se associando a certos padrões de vestimenta e comportamento.

 

Estar sempre na moda pode também ser encarado como uma espécie de ditadura, que pressupõe estar tão preso à pressão de ser aceito pelo e amado pelo grupo social ao qual pertence.

 

Em contraponto a essa ditadura, surge hoje a onda da reciclagem, do reaproveitamento e contraditoriamente, o “economizar” passa a ser a mola mestra de uma sociedade exaurida pelo consumismo desenfreado.

 

Assim, ganham força os “brechós”. “A tese que move esse mercado de usados é simples. Se eu não quero mais, mas você deseja muito, vamos fazer um negócio? Cobro mais barato pela peça, você paga por ela muito mais em conta do que na loja, e nós duas saímos ganhando. Pronto. Compra fechada, todo mundo sai satisfeito.”

Alternativa interessante para quem quer se desapegar e ganhar um dinheirinho extra, ser ecológica e politicamente correto e acima de qualquer coisa: estar na moda.

O sucesso desse tipo de negócio se deve a vários fatores, dentre eles a atual situação socioeconômica do país, e especialmente à retomada do conceito de vintage, resgatado por estilistas do mundo todo a partir dos anos 1990, e estimula uma espiada séria no armário da vovó. A ideia é de que a moda é sempre uma releitura do que já passou. Assim, esse negócio prospera entre os famosos, o que vem agregar ainda mais valor aos brechós.

 

Mas engana-se quem pensa que brechó agrada a todo mundo. Ser cliente de um deles exige personalidade, estilo. Garimpar peças e montar sua própria produção requer muitas vezes ousadia e muita imaginação.

 

De qualquer maneira é negócio altamente lucrativo que vem chamando a atenção de muitos empresários do setor. Bom para quem vende e para quem compra. Fica a dica. 

 

Entrevistamos Di, dona do Brechó Retrô, e ela nos contou como e quando começou esse trabalho incrível e um pouco mais sobre o seu dia a dia.

 

 "Eu sempre gostei de moda e já trabalhei com loja, confecção, mas depois que trabalhei no brechó de uma amiga minha, inclusive o Santíssima, não sei se já chegaram a conhecer, foi uns dos primeiros aqui em Belo Horizonte.

 

Já faz bastante tempo, eu trabalhei lá há uns quinze anos atrás, então foi onde comecei a ir gostando, eu vi que era uma coisa diferenciada que já tinha o Vintage, a moda mais retrô que era legal, principalmente as peças de marca que tinha corte diferenciado, então foi onde eu fui me interessando por esse mundo, por que hoje, para você montar uma confecção própria pra uma grife é muito complicado, principalmente com essa concorrência com a China.

 

E você  trabalhar com um  material com uma obra prima bacana, encarece demais e até que você cria um “Nome” pra lançar uma coisa interessante no mercado é uma coisa que requer muito tempo, dinheiro, e é um negócio demorado .

 

Eu me interessei pelo brechó exatamente pela questão das marcas, do corte, que é muito diferenciado.  Eu quis trabalhar nesse segmento mesmo, como já existia o brechó Brilhantina que trabalha com peças com estilo vintage, eu quis ir para um lado que acolhesse qualquer pessoa, desde aquelas que querem uma roupa bacana e diferente, tanto pra ir para uma festa comum, ou à um casamento chic.

 

Eu sempre estou inovando, praticamente toda semana eu faço compras para o brechó, pode ser pelos fornecedores que me ligam falando que têm coisas novas, ou vou à casa da pessoa olho e já compro.

 

Eu compro no mínimo 30 peças, então é uma quantidade grande, geralmente eu compro de pessoas que realmente não repetem roupas, usam uma vez e já quer comprar umaoutra coleção, então é por isso que eu sempre tenho novidades, é tudo muito novo.

 

A questão da sustentabilidade que acontece hoje, pessoas principalmente aqui do Brasil elas tem outra visão do brechó, por quê? Por que depois que as atrizes de hollywood começaram a ir nesses bailes, usando roupas de brechó, então isso meio que ganhou o mundo, porque até então era um preconceito, principalmente para as pessoas que têm um poder aquisitivo maior, que achavam que brechó era um lugar que só pessoas  que não têm condições para comprar uma roupa nova comprava, mas na realidade isso é um tabu.

 

O brechó existe exatamente para que, primeiramente a reciclagem, porque não justifica  você usar uma bolsa uma vez, as vezes posso dar à alguém, mas talvez é uma coisa muito diferente que você vai dar pra uma pessoa que não vai usar pois não é o estilo dela, então vai acabar jogando fora, e no brechó não, no brechó ele aceita infinitas coisas, pois isso a pessoa vai lá para procurar uma coisa diferente. É bacana que a pessoa mesmo que ela tenha amado aquela peça, ela pode encontra no brechó   mais barato do que na loja , então é uma coisa que engloba qualquer situação é bacana por causa disso. Têm a sustentabilidade têm o preço e têm também a questão do diferencial que é legal.

 

Aqui na loja como não é um brechó específico apenas para um público e as minhas roupas não são “modinhas”, conseguimos atender tanto um pessoal mais antenado em moda, quanto a galerinha de 18 anos até o público mais clássico. 

Eu trabalho com tudo, eu tenho acessório, bolsas, bijuterias, sapatos, então é uma loja que atrai qualquer tipo de pessoa que queira compra uma coisa bacana. A pessoa que tem estilo e que está buscando uma coisa bacana com um preço acessível, por exemplo, eu tenho muitas clientes advogadas porque eu recebo muitas roupas clássicas, eu vendo marcas tipo mixed, maramac, que são marcas que tem um corte mais interessante mais clássico. Então é o tipo de cliente que compra bastante aqui na loja por que é um tipo de roupa que é bacana para ir a uma audiência para um lugar que pede esse tipo de roupa sem ser careta, usar só terninho.

 

Antigamente o brechó ele era visto como bagunça, bazar, e é completamente diferente, por exemplo, em Nova York mesmo, tem os brechós que eles são mais caros do que nas lojas, porque ali é um lugar que realmente eles focam em grifes, como Chanel, que são as marcas caras e com peças exclusivas, peças de desfiles, então são as peças únicas, são as tops, são caras mesmo, elas são até mais caras do que nas lojas, por exemplo ; Armani Prive. Às vezes a ente ver alguns artistas usando um vestido que foi vintage mesmo, mais essas peças são as que são caras as de brechó mesmo, mais os brechós que trabalham só com esse tipo de coisa que nem na rua é,  é aquela coisa do cliente ser privado por isso se chama prive.

 

A Savassi sempre foi um bairro bacana, para todos os gostos todos os públicos, tribos. Por exemplo, vai acontecer um evento legal onde? Na Savassi. Então a Savassi é meio que uma acolhedora de todos os estilos, tanto o rock, quanto o jazz o pessoal mais moderno o pessoal mais antig , então é um bairro bacana pra esse tipo de coisa e tem haver com a moda também , na realidade o Lourdes e a Savassi são os bairros que tem as lojas de rua mais interessantes, então a ideia do brechó foi exatamente essa , por que a Savassi é um bairro interessante pra esse tipo de coisa, por que aqui as pessoas já chegam com essa característica mesmo de ser um bairro alternativa, poderia ser até mais."

 

Contato:

Rua Alagoas, 1314, Belo Horizonte

https://www.facebook.com/retrobrechobh

https://instagram.com/retrobrechobh

Entrevistamos a Raquel dona do Brechó Brilhantina, e ela nos contou um pouco sobre o seu trabalho e seu dia a dia. 

 

Fale um pouco sobre você e sua formação ou como isso levou a abrir esse investimento.

 

"Boa noite, bom eu formei em estilismo na Federal no curso de Belas Artes, e desde então, mesmo quando eu fazia o curso não passava pela minha cabeça um dia trabalhar com roupa vintage, não necessariamente um brechó, mas eu precisava pensar em trabalhar de alguma forma com aquela roupa que fosse mais antiga ou com matérias primas mais antiga e isso ficou rondando no meu pensamento por muito tempo, depois que eu formei em estilismo, eu fui trabalhar na área de estilo mesmo, na fabrica da Vide Bulas. E La mesmo, consolidou essa vontade de ter um brechó."

 

Como surgiu ideia do seu trabalho?

 

"Bom eu sempre fui consumidora de brechó e nada mais bacana que unir o útil dão agradável. Eu comecei comercializando com amigas, compravam algumas coisas de brechó, e ia vendendo para amigas próximas; e isso começou a passar pela minha cabeça de ter um negocio relacionando a isso. E entre ter um brechó e o pensamento de abrir, duraram mais ou menos um dois anos. Comecei pensando e fui trabalhando, juntando certo numero de peças, e abri um brechó em 2003, foi mais ou menos em 2001 que tive essa ideia de abrir em 2003."

 

Como você faz para elaborar novidades para atingir seu público?

 

"As novidades que eu elaboro para o publico é muito instintivamente porque as pessoas vão trazendo as coisas, pra eu dar uma olhada aqui na loja e a gente vai selecionando aquilo, de acordo com a modelagem, com o tecido, a matéria prima, o acabamento da peça e sempre pensando naquele publico que eu já trabalho com ele, é um publico que aposta duma coisa bacana, eu posso falar que bacana seria aquilo que é atemporal, que não esta na crista da onda demais, não pode ser uma peça que está na modinha demais."

 

Você aborda o tema sustentável?

 

"Esse tema sustentável é um tema que sempre está presente em tudo aqui no brechó, porque além do mais o cliente esta levantando, uma roupa usada, ao invés de ir a uma loja comprar nova, já começa por ai. O meu também, muitas vezes ele acaba trazendo as peças do armário dele e colocando peças daqui no tem tudo a ver com sustentabilidade também."

 

Como seus clientes lidam e aderem a questão do reuso consciente e sustentabilidade?

 

"Eles aderem a essa questão de uso e reuso muito interessantemente mesmo, eles sabem que é muito interessante, comprar um produto usado, e eles vão dar força para esse mercado cada vez mais, que não necessita dessa contramão o capitalismo exacerbando. Eles precisam dar uma brecada de comprar demais as coisas, e você reutilizando uma roupa, que um dia foi usada por alguém, é muito interessante, porque, você vai usa-la e depois de um tempo, você vai trazer  para o brechó, outra pessoa vai comprar ,você nos esta investindo seu dinheiro em um produto que acabou de sair do forno, da fábrica."

 

Qual o tipo de público que mais frequenta seu espaço?

 

"São pessoas que independentemente da idade, pensam nessa sustentabilidade e querem um auto custo beneficio da pela, que estão adquirindo, eles querem comprar uma peça bacana, estiloso, com conceito e preço baixo, muito baixo e isso é muito interessante, porque é nesse ponto que eu acabo consolidando e criando uma cartela de cliente muito bacana ,antenada e fiel, que é muito importante."

 

Na sua opinião quem compra em brechó tem estilo, gosta de moda ou quer ter um diferencial?

 

"Quem procura um brechó, com certeza tem um estilo, não necessariamente um estilo de estar sempre linda, mas ela tem aquele estilo de não pensar que só vai vestir aquilo que esta na moda, na globo ou na revista. Mas gosta de moda, porque  gosta de se vestir com algo personalizado, e muitas vezes também, procura alguma coisa que não esta conseguindo achar nas lojas de roupas novas, isso é sempre comentando aqui, as vezes a pessoa precisa de um vestido bacana, para ir a um jantarzinho ou mesmo em algum evento especial, e a pessoa fala ‘’ai eu to tão desanimada, vou ver se acho alguma coisa’’, e a gente também ajuda através de um serviço de tentar entrar num consenso de saber o que aquela pessoas quer ,e o brechó é muito bacana, porque tem uma mistura muito grande de conceitos, não igual a uma loja, que tem uma coleção primavera-verão ou outono-inverno ,que segue uma cartela de cores; aqui ela vai entrar num mundo que é muito misturado, roupa de inverno e de verão o ano todo, então fica mais fácil de entre aquele batwork de estilos, ela se encaixa com algum."

 

Qual a sua visão referente ao que os brechós passam para os consumidores atualmente?

 

"Bom  o que se passa, diante da minha visão é sempre uma coisa o que passa pela dos consumidores nem sempre e a mesma . mas na minha passa que a pessoa esta preocupada em como vai gastar seu dinheiro, que hoje em dia, não esta fácil para ninguém.
Eu acho que os consumidores tem uma visão muito aberta, porque quando ele entra num brechó, ele quer garimpar ,o que ele possa vir a ter ali dentro ,o brechó passa um ar de curiosidade, então quando o cliente entra na loja ele fala ‘’será que eu vou achar aquela peça, aquela mercadoria incrível? ‘’ será que eu vou achar aquela peça que ninguém mais tem e ta com um preço maravilhoso? ‘’, isso sempre passa pela cabeça do cliente ,ele quer garimpar aquela perola mesmo, Então eu acho que realmente ,o ponto crucial é esse, que o brechó passa essa imagem de descoberta mesmo."

 

Como é feita a captação de peças para seu estabelecimento? Você customiza ou modifica essas peças?

 

"A capitação de peças La no brechó, o forte é a consignação, as pessoas arrumam os armários, levam as peças pra La e eu faço uma seleção, e a pessoa deixa consignado, que significa: o acerto ser feito depois que a peça for vendida, o forte do brechó é esse, mas também as vezes eu faço alguma viajem tanto pra dentro do pais, quanto pra fora, para poder fazer  aquele garimpo de coisa interessante trazer muita coisa de uma vez só pra brechó, isso acontece também uma duas vezes por ano, quando da mas o forte mesmo, é que a capitação das roupas incríveis ,aparece através das consignação ,porque muitas pessoas viajem ou mesmo aqui em BH ,São Paulo ,ou fora do país, elas trazem muitas coisas de fora e o brechó esta sempre com coisas incríveis que as pessoas trazem devido a essa consignação ,eu não costumo customizar peças, eu não gosto de modificar ,eu gosto de deixar as peças originais e o cliente faça ele mesmo ou procure fazer algum ajustizinho, que ele ache interessante, mas eu gosto da peça original ,porque ela tem um conceito , teu prefiro que a gente troque ideia e o cliente faça alguma reforminha e ele mesmo dite, o que ele acha de mais interessante."

 

Contato:

Rua Tomé de Souza, 821, Savassi, BH, MG

http://brechobrilhantina.com.br

https://www.facebook.com/brechobrilhantina

https://www.facebook.com/brilhantina.brecho

 

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